Brasília | 21 de fevereiro de 2024 | por Osmar Bernardes Jr
Após a operação da Polícia Federal contra Jair Bolsonaro e seus aliados, com diversas buscas e apreensões e algumas prisões, o cenário político-partidário ficou incerto: o Centrão adotará uma postura de distanciamento do PL e nomes apoiados por Bolsonaro ou manterá alianças locais em busca do voto da direita bolsonarista? A resposta ainda está em aberto e a manifestação convocada para o dia 25 será um momento significativo para definir o posicionamento dos partidos para a corrida eleitoral de 2024.
Inicialmente, logo após a operação, analistas defenderam que Bolsonaro seria escanteado da política eleitoral, já que as sérias acusações poderiam criar uma rejeição da população e políticos alinhados ao “bolsonarismo” sofreriam dessa mesma rejeição por tabela. Entretanto, os dias subsequentes à operação foram menos intensos e o ex-presidente aproveitou para convocar uma manifestação em seu apoio, em resposta.
Além disso, uma pesquisa trouxe dados que ajudam Bolsonaro a renovar o apoio da sua base e explorar politicamente sua situação atual. O instituto AtlasIntel divulgou um levantamento sobre a Operação Tempus Veritatis em que 47% dos entrevistados afirmaram que o “Brasil vive uma ditadura do judiciário”. Combinado com isso, 41% declararam serem contrários à prisão de Bolsonaro e 42,2% defenderam que ele está sendo perseguido injustamente. Politicamente, é um indicativo que praticamente metade da população vê Bolsonaro como vítima de uma “ditadura”, o que obviamente fortalece seu posicionamento de “alvo do sistema” e reforça sua base eleitoral.
Outros dados da pesquisa revelam que o cenário de polarização ainda existe, como o de que 42% concordam a prisão de Bolsonaro, 40% rejeitam a afirmação de que ele está sendo perseguido injustamente e 46% defendem que o ex-presidente queria dar um golpe de Estado.
Em um cenário ainda dividido, a operação Tempus Veritatis não conseguiu ser definitiva para a mudança da percepção no campo partidário. Entretanto, as manifestações convocadas pelo próprio Bolsonaro podem exercer essa função. Se for esvaziada, ficará claro que Bolsonaro não seria capaz de mobilizar sua base em sua defesa; se for cheia, reforçará seu poder como líder do campo da direita, em que seu apoio será necessário para eleger prefeitos e vereadores pelo país mesmo se sofrer mais sanções da justiça.