Porque o PAC é mais uma sinalização do que um programa

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Brasília | 11 de agosto de 2023 | por Leonardo Barreto

Um “novo” PAC com muitas expectativas do governo e dúvidas da sociedade foi apresentado hoje (11) na forma de showmício pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), novo pai do programa. Costa anunciou R$ 1,7 em investimentos nos próximos anos divididos, primeiramente, por fonte de financiamento:

OrigemQuantidade (bilhões de R$)%
União37123%
PPP61236%
Estatais34320%
Financiamentos36221%

As áreas de investimento foram divididas por nove temas:

Área temáticaQuantidade (bilhões de R$)%
Transporte eficiente e sustentável349,120,7%
Infraestrutura social e inclusiva2,40,15%
Cidades sustentáveis e resilientes609,736,1%
Água para todos30,11,8%
Inclusão social e conectividade27,91,65%
Transição e segurança energética540,332%
Inovação para a indústria de defesa52,83,1%
Educação, ciência e tecnologia452,65%
Saúde30,51,8%

Três áreas (transporte, cidades e energia) concentram 88% do PAC porque são as áreas que menos dependem de recursos da União. A primeira é movida por concessões, a segunda por financiamento bancário e a terceira pelo plano de investimento da Petrobras. 

Deve-se louvar que o governo conte com muitos recursos privados para o seu PAC (36%), o que mostra realismo com a condição precária de investimento público. Mas, para que dê certo, é preciso criar um bom ambiente para investimentos privados via aprimoramento da agenda regulatória (é preciso monitorar iniciativas nesse sentido). 

As dúvidas se colocam em pelo menos dois eixos. O primeiro e mais importante é a incerteza da disponibilidade de recursos. Sem arcabouço fiscal e sem emendas dos parlamentares para as obras (algo que ainda precisa de negociação), é muito difícil fazer uma previsão do quanto do plano é realmente executável. 

O segundo é a questão da eficiência e da gestão, a que se atribui os saldos negativos de PACs passados. Segundo levantamento de 2022 do TCU, o país tem cerca 8,6 mil obras paradas, o que equivale a 38,5% dos contratos pagos com recursos da União (uma taxa de ineficiência absurda). Dessas, há 5.344 obras que vieram dos PACs 1 e 2. Sobre esse tema, nada foi dito. 

É essencial que o governo, então, atente a esses dois eixos para que o PAC seja realmente levado à sério como eixo de desenvolvimento do Brasil. Sem isso, é difícil formar expectativas concretas. De todo modo, os sinais estão dados e temos um roteiro de acompanhamento do desempenho do governo Lula III.